domingo, 30 de maio de 2010

Editorial Maio

Cada vez menos liberdade de imprensa
No passado dia 3 de Maio comemorou-se o Dia da Liberdade de Imprensa. A data marca o aniversário da Declaração de Windhoek, estabelecida por jornalistas africanos em 1991 a requerer mais liberdade de imprensa naquele continente e no mundo, por ser essencial à existência da democracia e objectivo humano fundamental.
Recentemente temos assistido a diversos episódios nos quais se pode constatar que cada vez existe menos liberdade de imprensa. Temos como exemplo flagrante o caso da Manuela Moura Guedes e o caso do Mário Crespo.
Medina Carreira, do qual me considero fã, seja ele louco ou não, porque na verdade diz tudo o que eu penso e muitas vezes não consigo transmitir, referiu numa entrevista televisiva que, “actualmente, Portugal não tem partidos políticos, mas sim pessoas que estão ali num emprego” e em vez de se preocuparem realmente com o país, preocupam-se com o que os jornalistas dizem deles, porque neles só figura o seu umbigo, o seu egocentrismo, o seu luxo.
Quando é que todos vão perceber que são os jornalistas, ao “puxar as orelhas” aos políticos, às pessoas, que estão a despertar mentalidades e consciências? São os jornalistas os semáforos da sociedade.
Estou cansada de viver neste país onde existe a doutrina do: penso, logo desisto!
Temos que mudar, temos que pensar logo insistir, pensar logo resistir, pensar logo lutar, pensar logo falar, contar, narrar, porque quem cala consente e não podemos consentir que o nosso país vá por água abaixo, só pela ganância de alguns.
“Quem cede a sua liberdade em troca de um pouco de segurança temporária não merece nem liberdade nem segurança”, disse Benjamin Franklin.
Não podemos tomar os limites do nosso campo de visão como os limites do mundo, nada do que se possa conseguir sem luta tem algum valor. Nenhuma sociedade pode florescer, ou mesmo funcionar, se o seu povo não se sente mais responsável por ela. Não devemos reclamar dos outros aquilo que nós mesmos não fazemos. Tal como a liberdade de imprensa, devemos acima de tudo preservar a nossa liberdade individual, como pessoa, única e responsável. Deixar que decidam tudo por nós e baixar os braços é ser conivente na desordem, no caos. É deixar que as nossas ideias morram, deixar que os nossos sonhos sejam apenas sonhos, é deixar a nossa individualidade se confundir num poço escuro de gente fraca e egoísta. Cada um de nós tem o direito e o dever de intervir.
Não somos um país subdesenvolvido, somos um país mal administrado.
 Vamos dar um susto a este país: vamos lutar por ele!
Acima de tudo temos que dar voz à imprensa para que ela no seu papel difusor e informativo represente os argumentos, as duvidas e as preocupações de cada um de nós de forma implacável, justa e verdadeira.