quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Natal - investigar sobre Cristo real.


O Natal aparece como um conjunto de celebrações preparadas e vividas por muitos em atmosfera de “sonho” e de alguma poesia. Por uns tantos ele é celebrado com religiosidade. Por outros com sofrimento. Por muitos como simples festa de alegria familiar… Ele tem uma linguagem típica, digamos, uma série de expressões que se repetem de ano para ano, e lhe dão o conhecido sabor. Ou então acarretam desilusões.      
É’ um suceder-se de tarefas e rotinas, para muitos acompanhadas pela necessidade de alguma coisa mais profunda. A família oferece algumas possibilidades de encanto, mas às vezes poucas ou nenhumas. Ela também está envolvida em alguma poesia e em alguns sonhos que frequentemente não se verificam…
Muita gente não tem consciência disso, mas há quem sinta que é necessário buscar os reais fundamentos e alicerces do Natal. De facto, hoje temos muita necessidade da busca de raízes válidas…É’ uma espécie de urgência sensível e intelectual.
Muitos nem sabem que Cristo é a raiz do Natal. Muitos sabem, e uns tantos sentem necessidade de buscar esse Cristo mais real. Recorde-se que o Natal é a celebração do Nascimento d’Ele. Mas sabe-se que há pessoas que gostam de abalar as consciências dos outros, enquanto há as que sentem que é mesmo necessário assentar nos factos acerca d’Ele.
Há quem pergunte a sério: quem é Cristo? Mas, no pólo oposto, há muitos que, guiados por desejos de “publicidade”, em vez de acentuar os factos reais, inventam problemas a seu respeito. São, por exemplo, os que, sem razão real, levantam hipóteses acerca de sua Mãe, do possível casamento com a Madalena, e coisas semelhantes. Alguns, mais sofisticados e possuidores de certa erudição, acentuam os aspectos meramente humanos, ignorando os divinos. Outros, menos eruditos, ou mais agressivos, procuram reduzí-l’O a uma criação humana, como se Ele tivesse sido inventado por alguém. Claro que era impossível inventá-l’O…
Todavia, além de ser um personagem realmente histórico e extraordinário, Cristo afirmou e demonstrou que era o Filho de Deus feito Homem. É ver o milagre do paralítico descido pelo telhado…Ele diz: para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder de perdoar pecados…, diz ao paralítico: levanta-ta, toma o teu catre e vai-te embora. ele levantou-se e andou.
No meio de tudo isto, é imensamente fácil captar importantes dados realistas no maravilhoso Evangelho de S. Lucas. Conhecemos muito bem este personagem que não se encontrou pessoalmente com Cristo, Mas tanto melhor. Era um jovem médico de Antioquia que ouviu falar d’Ele, logo nos princípios do Cristianismo. Quem falava eram indivíduos que tinham tido contactado com Cristo, ou com outros que O conheciam. E também com as comunidades de Jerusalém e da Palestina. Ali havia muitos que O tinham encontrado e, até, acompanhado. Estavam mesmo nas “raízes”.
Assim, o Evangelho de Lucas é precioso, como é precioso outro Livro seu, os Actos dos Apóstolos. É de formidável cariz histórico. Por sua vez, Lucas era um indivíduo largamente conhecido de muitas comunidades cristãs das “origens”. Havia grande variedade de pessoas nessas origens.
Aqui importa notar que ele começou o seu Evangelho de forma diferente dos outros Evangelhos. São os seus dois capítulos iniciais que constituem a fonte directa do que conhecemos acerca dos acontecimentos do Natal. São as informações dos “inícios”, isto é, os “Anúncios” e os relatos sobre os Nascimentos de João Batista e do próprio Cristo. A esses capítulos chama-se “Evangelho da Infância”.
Convém notar que, nesses tempos e até ao nosso séc. 17, não se ligava praticamente nada aos relatos dos nascimentos. Isto porque morriam imensas crianças. Porém Lucas deixou-nos os factos fundamentais acerca desses nascimentos, de João Batista e de Cristo.
Por quê? Porque andou a investigar… (fala-se hoje tanto de investigação, mas ela já acontecia naqueles tempos) …. Compreende-se porque é que Lucas investigou. Por um lado ele não conheceu Cristo pessoalmente. Masbuscava-O. E por outro era médico. Possuía certa erudição e estava habituado a “interrogar”. Quem quer de nós que leia com calma e atenção as primeiras palavras desse Evangelho, não pode deixar de experimentar a segurança que elas inspiram.
 “Já que muitos empreenderam compor uma narração dos factos que entre nós se consumaram, como no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e se tornaram servidores da palavra, resolvi eu também depois de tudo ter investigado cuidadosamente desde a origem, expor-vos por escrito e pela sua ordem, ilustre Teófilo, a fim de que reconheças a solidez da doutrina em que foste instruído…”.
Quem será este Teófilo? Não sabemos. Pode ser um indivíduo de carne e osso, e pode ser um nome geral chamado a todos os cristãos: “amigos de Deus”.
Voltaremos ao assunto. Por agora podemos ficar com esta preciosa “entrada” de S. Lucas no mundo dos escritos cristãos dos “primeiros tempos”. São as evidentes dimensões de realidade dos factos de Cristo. Vale a pena lê-la…
                                            Dr. Caetano Tomás

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