segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Para Grandes Esperanças, Maiores Enganos

Falta de sensibilidade e bom senso

Diz a wikipédia sobre o Poço do Bacalhau o seguinte:
"A Cascata do Poço do Bacalhau é uma cascata portuguesa localizada na Fajã Grande, concelho das Lajes das Flores, ilha das Flores, arquipélago dos Açores. Apresenta-se como cascata dotada de uma queda de água que se precipita por cerca de 90 metros de altura.
Como o ciclo médio de armazenamento natural em aquíferos da água nos Açores, ronda os 6 meses, esta cascata muito abundante nas épocas mais chuvosas, vê durante a época estival o seu nível de água torna-se mais diminuto ao ponto de esta se dissipar na forma de uma espessa, pesada e abundante neblina na sua precipitação a caminho do solo onde as águas se depositam numa lagoa natural rodeada de vegetação natural e endémica, a conhecida laurisilva da Macaronésia. Esta lagoa é usada como zona balnear.
As águas que abastecem o manancial desta cascata são originarias das nascentes de altitude que brotam das serras centrais da ilha das flores que por sua vez fazem a captação da humidade nas densas camadas de nuvens que se acumulam por sobre a floresta de laurisilva que servem de núcleo de condensação e ao mesmo tempo de regulador e distribuidor da quantidade de água recebida devido à sua densidade e também à quantidade de musgos (conhecido nos Açores como: Musgão) que atapeta o solo e que vai libertando a pluviosidade recebida de forma lenta e regular."
Sofrerá este texto uma grande alteração na medida em que em vez de vegetação natural a cascata agora encontra-se rodeada de betão e humanização. Ao que consta além das bancadas de repouso já feitas ainda falta construir umas churrasqueiras e realmente fica mesmo só a faltar o moinho que está a ser recuperado servir uma "bujecas" aos turistas cansados.
Eu que cheguei a acompanhar excursões turísticas àquele outrora paradisíaco local e ficava ouvindo as suas exclamações quanto à beleza natural do lugar, fiquei atordoada, triste e ressentida com quem teve a malfadada ideia de transformar aquele pedaço de natureza em estado puro num merendário de berma de estrada que se encontra em qualquer lugar do planeta.
Sinto-me verdadeiramente indignada e revoltada com as autoridades competentes que assistiram a todo este cenário de braços cruzados.
"Quem não se sente, não é filho de boa gente".
Não interpreto mal, quem considera a obra algo de bom, pois bom-gosto é algo que não se adquire na prateleira do supermercado e mesmo que se adquirisse ainda haveria boa gente que não o compraria. No entanto interpreto mal os nossos ambientalistas, defensores e protectores da natureza, aqueles que se revoltam com uma beata largada no meio da rua e que perante isto também nada fizeram. Não vi petição em sitio algum, não vi reclamação, não vi nenhum político a manifestar-se contra...(às vezes o silêncio convém em ano de eleições regionais!)
Bem resta-me demarcar a minha opinião. Ser teimosa na defesa de que as Flores são as Flores porque ainda temos o que os outros não têm: natureza em estado puro. Infelizmente com os políticos que temos, com as mentalidades que temos, teremos natureza em estado puro por pouco tempo, pouco tempo...

Maria José Cabral de Sousa

Um comentário:

Luís Henriques disse...

Fiquei estupefacto quando vi as fotos.

Cumprimentos,